Esta semana, o biólogo, especializado em biologia marinha, e doutor em Engenharia Ambiental, Fernando A. S. Hardt está em campo na área dos Portos Organizados de Paranaguá e Antonina. Em um trabalho minucioso, ele observa e analisa a presença e o comportamento dos golfinhos e tartarugas. Hardt é consultor da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), no Programa de Monitoramento da Biota Aquática, do Plano de Controle Ambiental.
Esta é a quinta campanha de monitoramento de cetáceos e quelônios (como são chamados esses grupos de golfinhos e tartarugas) realizada pela equipe de Meio Ambiente da Appa. Segundo o especialista, apesar de ainda ser cedo para ter dados consolidados sobre a quantidade desses animais, já dá para se ter ideia de que eles estão presentes em grande número e em áreas bem próximas aos portos.
“O que a gente verificou ao longo dessas cinco campanhas é que os animais – em especial o boto cinza, única espécie de golfinho avistada até o momento – têm utilizado a área do porto frequentemente. Nesta área os animais foram observados em atividade de pesca: quando eles encurralam os peixes contra os cascos dos navios para facilitar a captura”, conta o pesquisador.
O monitoramento abrange toda a Baía de Paranaguá – desde as proximidades da Ilha da Galheta até o Porto de Antonina. Nessa área, segundo Hardt, foram observados golfinhos em vários pontos de concentração. “O Porto é uma dessas áreas de concentração, mas a gente também os observa perto do baixio da Ilha do Mel, perto da Ilha das Cobras, na ponta do Teixeira e na frente da Baía de Antonina, por exemplo. Eles utilizam a baía de uma forma bem espalhada. Encontramos inclusive na parte interna do canal da Ilha da Cotinga, que também monitoramos”, revela.
Identificação – O método utilizado pelo biólogo para estudar os animais é a foto identificação, através das marcas naturais que os golfinhos adquirem ao longo do tempo. Hardt explica que esses mamíferos, ao longo do tempo, têm contato físico entre eles, inclusive com mordidas que geram marcas naturais, principalmente na nadadeira dorsal – que é a porção do corpo que se pode observar quando eles sobem à superfície para respirar.
“Nesse momento, a gente tira várias fotos e consegue observar essas marcas naturais. E, comparando as fotografias, a gente consegue observar que as marcas funcionam como uma impressão digital de cada um deles. Ao longo do tempo, conseguimos gerar mapas individuais, verificar se os indivíduos identificados tem preferência por alguma área, identificar fêmeas com filhotes – até o momento identificamos cinco prováveis fêmeas– e demais informações importantes em nível biológico”, relata.
Em cinco campanhas, o pesquisador já conseguiu identificar 49 golfinhos na região. Porém, ele acredita que esse é um número mínimo de golfinhos que utilizam a área. “Esse número certamente é maior, considerando que uma parcela dos animais não têm marcas naturais. A cada campanha conseguimos dados mais significativos. Com as próximas campanhas, pretendemos estimar a quantidade desses animais que utilizam a Baía de Paranaguá”, afirma.
Quelônios – Além dessa observação e identificação dos golfinhos, Hardt faz varreduras específicas para estudar as tartarugas, no baixio das Ilhas das Cobras e da Ilha do Mel. “Já observamos, até o momento, dois animais, que achamos se tratar da tartaruga verde (espécie mais comum na região)”, conta.
Tanto o monitoramento dos cetáceos e quelônios quanto dos demais grupos da biota acontece a cada três meses, para acompanhar as estações do ano. “Assim, teremos amostragem de verão, inverno, primavera e outono, para também verificar o comportamento das espécies, se muda de estação para estação e de um ano para o outro, já que vamos fazer esse monitoramento por mais tempo”, completa o biólogo.
Controle Ambiental – O Programa de Monitoramento dos Cetáceos e Quelônios faz parte do Monitoramento da Biota Aquática e Determinação de Bioindicadores. O objetivo da atividade é determinar a diversidade de espécies animais, considerando o fitoplancton, zooplancton, bentos, carcinofauna e ictiofauna em diferentes pontos da área de influencia do Porto. O programa integra o Plano de Controle do Sistema de Gestão Ambiental Implantado pela Appa no final de 2013.
“É muito importante essa preocupação do Porto em executar esses monitoramentos, pois se identificados efeitos adversos das atividades portuárias ou outra atividade, podemos, na medida do possível, sugerir medidas para minimizá-los”, garante Hardt.
Assessoria de Comunicação – Appa